A gravidez é um momento de expectativas e mudanças na vida da gestante, e também do casal e da família como um todo. É um momento que exige maior atenção à saúde, tanto física como emocional.
É de conhecimento geral a necessidade de realizar o pré-natal, seja este conduzido por um médico obstetra ou enfermeira obstetra, no qual mensalmente é acompanhado o desenvolvimento do bebê e da saúde da gestante, através de exames diversos.
Mas será que somente atenção à saúde física é suficiente para este período tão importante e repleto de tantas mudanças?
Este artigo tem como objetivo trazer a importância dos cuidados com as emoções na gravidez e da saúde emocional da gestante e da família, já que as mudanças que ocorrem vão além do crescimento da barriga, da mudança do eixo de equilíbrio e do desenvolvimento do bebê.
Cada gravidez é única, pois cada mulher também é
A maneira como cada gestante viverá a gravidez, e as mudanças trazidas por ela, falará sobre sua própria forma de viver e lidar com a vida. Como a mulher vive sua autoimagem, como se sente em relação às mudanças e despedidas, de que maneira processa as expectativas com o novo, além da sua relação com o binômio saúde/doença.
Nesse processo, ainda influenciará se a gravidez foi planejada, se há fatores de risco sócio-econômicos na família, se a gestante tem uma boa rede de apoio e boa relação com os pares ou se vive problemas conjugais, se existem transtornos psicológicos não tratados anteriormente (como ansiedade, depressão, entre tantos outros).
Enfim, são muitos fatores importantes para conhecer e se atentar, pois interferem na vivência emocional saudável da gestação.
Gravidez, expectativas e ansiedade
Por se tratar de uma fase que sugere antecipação, as mulheres que sofrem de ansiedade terão mais dificuldade de viver o momento presente e aproveitar a passagem gradual dos dias e meses. Quadros não tratados de ansiedade podem desenvolver crises de pânico na gestação e principalmente no pós-parto.
Ficar no momento presente, experimentar um dia de cada vez, praticar técnicas de meditação, yoga, respiração, exercícios físicos e psicoterapia são boas maneiras para lidar com a ansiedade na gravidez.
Gravidez, depressão e depressão pós-parto
Cobranças exacerbadas, rigidez, pensamentos recorrentes ao que poderia ter sido e ao que não aconteceu podem levar à depressão na gravidez. É importante viver o momento presente e aceitar as mudanças que estão acontecendo com fluidez.
A gravidez é um ótimo ensaio para viver a maternidade/paternidade, pois a falta de controle e o improviso são definidores desta nova fase.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a depressão pós-parto acomete cerca de 25% das mães no Brasil. Esses números tão expressivos mostram a necessidade de um olhar mais atento para as emoções na gravidez, e de cuidar da saúde emocional na gestação e pós-parto.
Alguns dos fatores que podem desenvolver o quadro de depressão pós-parto são:
depressão antes da gravidez;
outros transtornos psicológicos;
gravidez não planejada;
dificuldades sócio-econômicas e na relação familiar e conjugal, entre outros.
Além disso, a própria baixa hormonal de estrogênio e progesterona, que ocorre no pós-parto imediato, pode gerar um grande mal-estar na puérpera que, associado ao turbilhão de novidades e inseguranças naturais de ter um recém-nascido, pode desencadear a depressão pós-parto.
É importante ter atenção se a puérpera está conseguindo descansar, se cuidar e, ao mesmo tempo, cuidar do bebê.
Sinais que merecem atenção vão desde a incapacidade de cuidar de si mesma e do bebê, passando por sentimentos de tristeza exacerbada e desesperança e chegando até pensamentos ruins e destrutivos com a própria vida ou com a do bebê.
Estes podem ser sintomas de depressão pós-parto e indicam que a mãe precisa de ajuda psicológica imediata, às vezes psiquiátrica, inclusive.
Mudanças e luto de si mesma
Na gravidez o corpo se modifica e os sintomas físicos (náuseas, cansaço, esquecimento, dores no corpo, entre muitos outros) acometem a gestante e exigem dela adaptações em vários campos da vida.
Em alguns casos ela será afastada do seu trabalho, em outros, amizades e outras relações deixarão de fazer sentido.
O desenvolvimento da placenta gera uma enxurrada de hormônios que provoca oscilações no humor e, com elas, a dificuldade de se reconhecer, de se sentir estável e cumprir com as funções básicas do dia a dia, como era antes de engravidar. É um estado de luto de si mesma, pela vida e pelo corpo que existiam antes da gestação.
Cuide das suas emoções na gravidez
Cada mulher vive suas questões de maneira muito particular e o que para umas não é tema, para outras pode ser um problema.
A psicoterapia perinatal é um recurso para cuidar da saúde emocional da gestante e da puérpera, que pode contribuir para uma gravidez e pós-parto com mais entrega e tranquilidade.
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